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Renascer





A Assembleia-geral da Publimor, empresa que detém o jornal Folha de Montemor, reuniu no dia 1 de fevereiro para debater a situação do jornal e decidir sobre a continuidade ou não da publicação que completou 30 anos em 2019.

Na sessão de abertura do 4º Congresso dos Jornalistas que teve lugar em Lisboa em 2017, Maria Flor Pedroso referiu que “o jornalismo independente, credível, isento, rigoroso e plural é também garante de uma sociedade democrática”, e é nestes termos que temos tentado fazer a Folha, porque acreditamos que os jornais são um pilar da democracia tanto nas sociedades grandes, como nas comunidades pequenas como a nossa.

Porém, a crise que afeta de forma séria há vários anos os jornais, principalmente os que fazem edições impressas, também acabaria por nos bater à porta. Era uma questão de tempo e esse tempo acabou por chegar. A forma como os jornais impressos são feitos é baseada num modelo pouco sustentável nos dias de hoje. A sociedade mudou bastante e a forma como as pessoas hoje veem as notícias, não é a mesma que existia há duas décadas. Na era digital em que vivemos, todos queremos ter notícias de qualidade na hora em que os factos ocorrem, o que é algo difícil para uma pequena publicação como a Folha.

Não termos feito uma edição em janeiro causou algum alarme na população que viu em perigo uma pequena ‘instituição’ desta comunidade e uma referência nesta cidade de Montemor. Aquele foi, de facto, um mês difícil para todos, mas teve de ser assim. Foi necessário fazer uma paragem e uma reflexão muito séria sobre a forma de continuar este projeto que todos queremos manter vivo mas que está em risco porque, meus amigos, sem um aumento das receitas de publicidade e sem uma redução drástica nos custos de impressão, o projeto não pode continuar.

Foi com surpresa que ao longo do último ano vimos partir uma parte substancial da publicidade institucional que, de uma ou de outra forma, era um contributo relevante para o financiamento da edição impressa, mas a vida é assim e cada instituição tem o direito a fazer as suas opções publicitárias!

Tal como sempre tenho defendido, os jornais não devem ter subsídios por parte do poder político, porque, como todos sabemos, não há almoços grátis e essa situação acaba por condicionar aqueles que querem fazer um jornalismo sério e, principalmente, independente. E é dessa forma que a Folha tem sido feita ao longo de três décadas. Mas essa independência tem tido um preço!

Ao longo do mês a redação sentiu pela primeira vez o vazio que a falta da escrita nos trouxe, o que deixou em todos nós alguma tristeza. Mas tivemos o conforto de muitos amigos a quem a Folha faz falta e que se disponibilizaram para ajudar naquilo que estiver ao seu alcance. A todos o nosso muito obrigado pelas palavras de conforto neste momento difícil.

Na reunião de hoje, o plano apresentado pela direção com uma redução substancial nos custos de impressão, o alargamento da rede de contactos publicitários e a dinamização da presença na internet foi aprovado, dando continuidade a este projeto. Assim, a Folha vai regressar em fevereiro com edições impressas e vamos dinamizar a página da internet para manter um contacto mais frequente e mais próximo com os nossos leitores.

Tenho defendido, desde que cheguei à direção da Folha, que “um bom jornal é uma sociedade a falar sobre ela própria”, tal como nos ensinou Arthur Miller, e continuo a acreditar que é assim que deve ser. Por isso, vamos continuar a trabalhar para manter vivo o projeto, porque vontade não nos falta.


A.M. Santos Nabo

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