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“Houve um dinamismo grande na relação com a terra”


A historiadora Teresa Fonseca apresentou no passado dia 10 de novembro, no auditório da Biblioteca Municipal Almeida Faria, o seu no novo livro que tem como título ‘Economia e Sociedade no Alentejo de finais do Antigo Regime’.

Perante uma sala cheia de amigos e de pessoas que se interessam por estas matérias, a sessão foi aberta pelo presidente da Câmara Municipal, Olímpio Galvão, que sublinhou o papel relevante da agricultura em Montemor desde há muitos anos, e referiu que mesmo na atualidade “a dinâmica económica do concelho está muito ligada à agricultura e à pecuária”. Em relação à autora, o edil frisou que com ela “descobrimos Montemor e percebemos a sua riqueza histórica e o orgulho de sermos montemorenses”.

Em representação da Direção Regional de Cultura do Alentejo, Ana Borges agradeceu a Teresa Fonseca ter “trazido a lume um grande trabalho de investigação sobre história e economia do Alentejo”, tendo também referido que este projeto editorial teve o apoio da DRC Alentejo para a área editorial, e acrescentou ainda que aqueles que estavam presentes na sala eram pessoas que se interessam por estas questões, e que pensam sobre estas questões que tiveram lugar no pós-liberalismo. “Este livro mostra-nos uma realidade diferente e interessante, e mostra-nos também as alterações sociais que tiveram lugar no final do Antigo Regime”, disse.

Por último, Teresa Fonseca afirmou que se encontrava muito contente por ali estar “porque estava rodeada de amigos”. Em relação ao livro e à investigação que o mesmo apresenta, a professora chamou a atenção o período em análise onde “houve um dinamismo grande na relação com a terra, porque os rendeiros que trabalhavam as terras há décadas são despejados por grandes monopólios que vêm de Lisboa e de outras cidades, e esta situação leva a um aumento do valor das rendas”.

Neste sentido, foi a vida urbana que veio alterar a economia desta região, e embora a cidade de Évora tenha sido uma grande impulsionadora desta mudança, é em Montemor que tem lugar o maior número de despejos e de alterações de posse da terra. É aqui “que a mudança social mais acontece, o que leva os antigos rendeiros a se tornarem proletários”. Com a chegada do liberalismo, as novas leis vão permitir a compra dos terrenos pelos novos rendeiros, o que provoca uma alteração social relevante.


Ainda sobre o livro, o autor do prefácio, Fernando de Sousa, professor catedrático da Universidade do Porto, refere que “nesta obra, intitulada ‘Economia e Sociedade do Alentejo de finais do Antigo Regime. O fenómeno do despejo das herdades (1771-1832)’, Teresa Fonseca, mais uma vez, apresenta-nos os resultados de uma longa pesquisa no âmbito da questão agrária alentejana de finais do Antigo Regime, as transformações operadas durante as décadas referidas quanto à exploração fundiária e à conflitualidade latente entre senhorios e rendeiros, os primeiros tentando aumentar os rendimentos das suas propriedades, os segundos procurando resistir a tais investidas e travarem os despejos de que são alvo, sob os mais diversos pretextos”.


A.M. Santos Nabo

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