“Se revolver o problema da habitação também se resolve o problema da economia”
- António M. Santos Nabo
- 27 de set.
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António Xavier volta a candidatar-se à presidência da Câmara Municipal liderando a lista da coligação CDS / PSD. Tendo completado um mandato como vereador com pelouro atribuídos, o qual revelou ter sido uma experiência positiva, têm agora a habitação como a sua prioridade, incluindo uma empresa municipal para gerir esta situação.
Folha de Montemor: Acreditam mesmo que podem ganhar a presidência da Câmara?
António Xavier: Acreditamos, porque sentimos isso nas pessoas e percebemos que os outros candidatos não estão com muita força. Por isso, se há quatro anos os eleitores focaram-se em se libertar da CDU, mas depois acabaram por ficar desapontadas com a falta de estratégia do PS, sinto que há alguma esperança de que nós possamos trazer uma nova estratégia e uma definição para o concelho, o que é algo que não acontece há muito tempo.
FM: Foi essa falta de estratégia que provocou o vosso afastamento da gestão do PS?
AX: Foi, e mais do que esse sentimento foi a noção de que não estávamos alinhados. Havia uma série de prioridades que eu achava que eram importantes, mas que o executivo do PS não entendia da mesma forma, principalmente a questão do novo bairro que foi perpetuamente adiado., bem como algum despesismo em áreas que não me parecem que fazem sentido, porque primeiro temos de arrumar a nossa casa e só depois é que devemos ter dinheiro para festas.
FM: Que balanço faz deste último mandato em que teve pelouros a seu cargo?
AX: Foi uma experiência importante porque me deu muito conhecimento, não só do ponto de vista político, mas também do que significa trabalhar dia a dia na Câmara, com os trabalhadores e com todas as dificuldades existentes.
FM: Qual foi a situação mais positiva e a menos positiva?
AX: A menos positiva foi a desilusão que acontece a todos no primeiro mandata. Acha-se sempre que as situações são mais rápidas, que as decisões se implementam mais depressa, porque há, de facto, funcionários que não estão alinhados. A coisa melhor, foi, por um lado, ver os funcionários a dar tudo de si, mesmo que não concordassem totalmente connosco e, por outro lado, perceber que as potencialidades de Montemor são reais, por isso, podemos mesmo fazer aquilo a que nos propomos.
FM: A política de habitação tem sido para a Coligação uma prioridade. Que propostas vão apresentar para este mandato?
AX: Essa é uma prioridade porque nós precisamos de casas para que as pessoas aqui vivam, e acredito que ao se revolver o problema da habitação também se resolve o problema da economia. Claramente que os privados não chegam e, por isso, a Câmara tem de agir em duas áreas, em nova construção e na reabilitação. A nossa proposta é que a Câmara faça o novo bairro e que se lance mais uma ou duas bolsas dentro do atual perímetro urbano, e depois alarguemos o perímetro urbanos e deixemos os privados fazer o que sabem. Depois a Câmara dedicar-se-ia à reabilitação no centro histórico porque esta situação não interessa aos privados. Temos também de criar um programa para que os privados percebam que vale a pena aqui investir.
FM: Que políticas económicas é que pretendem pôr em cima da mesa?
AX: Temos de criar condições para que as empresas se fixem aqui, o que significa que temos de ter espaços, por isso temos de aumentar a Zona Industrial da Adua, o que significa uma alteração do Plano Diretor Municipal (PDM), e depois de pensar já numa ZIA II porque a atual está praticamente esgotada. As empresas procuram-nos, hoje principalmente no sector da logística. Assim, o crescimento a fazer agora deve ser feito na zona dos Casais da Adua e depois criar a ZIA II a caminho do Cortiço. Em relação ao comércio local, para sobreviver necessita de mais pessoas e principalmente de mais turistas.
FM: Em relação à fiscalidade, o que propõem para este mandato?
AX: Em relação ao IMI, ele já está no mínimo, a derrama também está baixa e o IRS está nos 2,5 por cento e é aí que pretendemos manter.
FM: A educação também tem sido uma prioridade para a Coligação e, neste sentido, o que propõem nesta matéria?
AX: Nós queremos estar ao lado do Agrupamento e ajudar professores e operacionais a cumprirem a sua função. Mas temos de fazer aquilo que a escola não faz que é tratar de questões como o empreendedorismo, a literacia financeira e cívica, que são áreas que podem ser importantes para os jovens. Já vimos, com os projetos que foram desenvolvidos, que eles podem até ganhar mais vontade para estar na escola. Assim, vamos ter cidadãos mais ativos e mais interessados que certamente vão produzir negócios e outras atividades associativas, o que permite ter uma sociedade civil mais participante o que só pode trazer coisas boas.
“A Câmara ser concorrente das associações que patrocina”
FM: Em relação à área da cultura, que propostas esperam apresentar?
AX: Aqui é importante dizer que temos algumas associações a trabalhar muito bem e devemos saber trabalhar com elas. O que me parece grave é a Câmara ser concorrente das associações que patrocina, o que não faz sentido. Se temos quem faça bem, a Câmara o que deve fazer é concertar com essas associações as atividades e trabalhar o programa cultural a partir dessas iniciativas. É esquizofrénico que a Câmara patrocine determinadas atividades e depois faça outras atividades à mesma hora. Assim, estamos a gastar muitíssimo dinheiro em atividades culturais que depois faz falta noutros lados. Gastam-se dois a três milhões de euros por ano nestas atividades, por isso não vamos fazer propostas nesta área.
FM: Em termos de apoios sociais que propostas têm para o próximo mandato?
AX: Vamos rever o programa MOR Solidário, onde pretendemos introduzir o ‘cheque farmácia’, não só para a população mais idosa, mas também para jovens casais com poucos rendimentos e para outras pessoas que tenham essa necessidade. Acho que este é um bom projeto, mas é preciso atualizá-lo e criar um sistema (app ou cartão) que una todas estas valências.
FM: Em matéria de abastecimento de água, que propostas pretendem apresentar para os próximos anos?
AX: No momento, existe a palavra da AgdA – Águas Públicas do Alentejo, S.A. que vamos ter, através de Vendas Novas, água para os próximos anos. Contudo, esta empresa está a tardar com algumas respostas, por isso, entendemos que se deve equacionar a possibilidade de a Barragem dos Minutos ser abastecida através do Alqueva, para termos a certeza de que não teremos problemas de abastecimento de água no futuro. O projeto de trazer água da Barragem dos Minutos está dependente desta situação.
FM: O rio Almansor é sempre discutido na altura das eleições. Qual a vossa ideia para resolver os problemas existentes no rio?
AX: Em primeiro lugar, se queremos resolver o problema do rio Almansor temos de reduzir despesas noutras rubricas, porque a recuperação não vai ser barata. Uma vez que existem programas de financiamento da União Europeia para a regeneração ambiental, temos de nos focar nesse aspeto e depois pôr mãos à obra. Para além disso, necessitamos também de ter uma perspetiva económica sobre o rio, principalmente do ponto de vista turístico, por isso é necessário planear neste sentido.
FM: Em relação ao turismo, e embora já se tenha feito alguma coisa, o que propõem para o próximo mandato?
AX: No turismo já se fez muita coisa, porque pouco ou nada se fazia. Para além de uma aposta muito grande na divulgação de Montemor a nível nacional, lançamos o ‘site’ visitmontemornovo.com e estamos mais próximos dos agentes. Por isso é necessário criar condições de atratividade para que os agentes trabalhem.
FM: Quais as cinco prioridades para o próximo mandato?
A.X.: A criação do novo bairro, o lançamento para o estacionamento no Largo Gulbenkian, promover uma organização da Câmara, estudar a hipótese de criação de uma empresa municipal para as questões da habitação, e a concretização do projeto para aumentar a Zona Industrial.
AMSN
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