“Não tivemos obras de regime porque não foi possível programar dessa forma”
- António M. Santos Nabo
- 27 de set.
- 6 min de leitura

Depois de ter vencido os comunistas em 2021, Olímpio Galvão volta a candidatar-se à presidência da Câmara. Apresenta-se com a confiança de quem pretende manter o rumo que o concelho está a tomar, com uma aposta forte nas empresas ‘start-up’ e com vontade de construir mais habitação. Afirma que a baixa do IRS deixou um milhão de euros nos bolsos dos montemorenses e sublinha que cumpriu com a instalação da CPCJ
Folha de Montemor: Acredita que é possível voltar a vencer as eleições autárquicas?
Olímpio Galvão: Não só acredito, como tenho a certeza de que vou ganhar estas eleições, porque temos feito um bom trabalho, de muita proximidade com as pessoas e de preparação para o futuro que se avizinha promissor e ambicioso. Acho que as pessoas vão-nos dar um voto de confiança e vão renovar o meu mandato por mais quatro anos.
FM: O vosso mote é “Montemor no caminho certo”. Qual é este caminho?
OG: É o caminho da prosperidade, da qualidade de vida, da proximidade, e mesmo na transferência de competências onde muitos não concordavam com isto (CDU / PSD / CDS), mas nós agarramos esta situação na educação, na saúde, na ação social, e temos mostrado que é possível fazer melhor em termos municipais do que em termos de governo central.
FM: Que legado fica deste mandato de quatro anos?
OG: Fica um legado de rotura com a força política que aqui esteve ao longo de anos e que estava caduca e longe das pessoas, onde o slogan “em defesa dos trabalhadores e do povo” era apenas isso. Quando chegamos à Câmara verificamos bem essa situação e, por isso, nós temos trabalhado muito melhor com os trabalhadores da autarquia do que a CDU alguma vez trabalhou; temos dados liberdade de expressão, liberdade de opinião e de contribuição para o trabalho autárquico. Ninguém tem medo de concorrer por qualquer força política. Contudo, o executivo teve de cumprir os compromissos já assumidos e, nesse sentido, executou 21,4 por cento do quadro comunitário anterior. Mas estas obras, por exemplo na rua Teófilo Braga e nos largos envolventes, não foram inauguradas.
FM: Há no concelho uma perceção de que este executivo não fez nada e não difere muito do executivo anterior. Que comentário tem a esta situação.
OG: Não tivemos obras de regime, como acontecia nos mandatos anteriores, porque não foi possível programar dessa forma, porque tivemos até final de 2023 a terminar um quadro comunitário que vem de trás, e estamos a programar o quadro comunitário seguinte que está agora a arrancar.
FM: A Zona Industrial da Adua foi uma referência deste executivo no início do mandato. Contudo, não se veem mudanças na ZIA. O que é que aconteceu?
OG: Quando chegamos à Câmara fomos ver que projetos existem e quais os que estão em condições de serem lançados. Relativamente à ZIA não existia qualquer projeto, por isso, fizemos um novo projeto de reabilitação da rede viária e de sinalização que vai dar uma cara nova, sendo o concurso lançado antes do dia 12 de outubro.
FM: No que respeita à habitação que propostas é que o PS tem para o próximo mandato?
OG: Existe um projeto que está a ser feito dentro da Câmara e que a AD está a tentar puxar como se fosse deles, mas não é, é um projeto da Câmara, e poderá trazer para a cidade cerca de 110 a 120 fogos. Estamos a estudar quais são as necessidades do mercado e o custo de implementação das infraestruturas a cargo do município, para que o terreno seja vendido para a criação de blocos de apartamentos. Neste projeto entendo que deve haver uma cooperativa de habitação de modo a fazer os fogos a custos controlados e acessíveis e, depois, outra parte vendida a preços de mercado. Irá nascer ali um novo bairro. Nas freguesias rurais, no Escoural estamos a ver os projetos que existem, e nas Cortiçadas de Lavre vamos criar um loteamento municipal porque existe ali uma grande procura de lotes.
FM: A constituição de ‘start-ups’ deu um certo impulso ao desenvolvimento do concelho, pelo que se questiona quantas já existem e que emprego está a ser criado?
OG: A nossa start-up na Adua tem 80 por cento dos espaços preenchidos, mas hoje, o facto de as pessoas poderem trabalhar a partir de casa mostra que já nem necessitam de criar uma ‘start-up’, embora seja bom devido à rede de contactos que ali se forma e ao espaço de trabalho que é praticamente oferecido. Daí a nossa intenção de remodelar o edifício do Jardim de Infância número dois para uma nova incubadora de ‘start-ups’ já dentro da cidade.
“Temos empresas a querer vir para a Adua”
FM: Que outras ações esperam concretizar para captar empresas para o concelho?
OG: Para que isso aconteça a Zona Industrial terá de crescer, mas essa situação é complicada porque a ZIA está implementada numa herdade, por isso, terá de se alterar o PMD e negociar com a CCDR essa expansão, o que é complicadíssimo. Mas nós temos empresas a querer vir para a Adua, tendo o último lote sido atribuído em maio passado; temos também em negociação uma empresa irlandesa que trabalha nos produtos fotovoltaicos e baterias com 49 milhões de investimento e cerca de 50 postos de trabalho, e um investimento de 25 milhões de euros para um hotel de luxo nas Silveiras.
FM: A CPCJ – Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, foi também um ponto forte da campanha do PS há quatro anos tendo sido feitas fortes críticas à CDU devido à não existência em Montemor. Em que ponto estamos para a implementação?
OG: Está marcada a sua instalação para dia 23 de setembro. Esta situação não estava dependente apenas da nossa vontade que foi logo expressa no início do mandato, devido a situações na Comissão Nacional e com as verbas desta comissão. O espaço já existe, na divisão de saúde e ação social e a assistente social também já está contratada. Esta foi uma decisão que a CDU nunca aceitou.
FM: Na área fiscal o PS cumpriu aquilo a que se propôs para este mandato. Para o próximo mandato vão manter a situação existem ou fazer algumas alterações?
OG: Pretendemos manter porque não podemos sacrificar mais orçamento, mas cumprimos aquilo a que nos propusemos. Só em termos de derrama, ao longo deste mandato, as empresas de Montemor pouparam meio milhão de euros, e os montemorenses, também ao longo deste mandato pouparam cerca de 1,1 milhões de euros, o que é muito importante. Esta também foi uma medida que a CDU nunca aceitou fazer.
FM: Em termos de arquitetura da cidade, esperam fazer algo para este mandato, nomeadamente nas rotundas na avenida Gago Coutinho?
OG: Para as rotundas da cidade está a ser preparado um ‘lettering’ e a primeira será na entrada de Évora que terá como tema Montemor capital da pecuária extensiva. Para a entrada de Santarém será algo com símbolos de Montemor, incluindo a romã de S. João de Deus.
FM: Sempre que há eleições o tema do rio Almansor vem a debate, mas depois nada acontece. Que propostas têm para a zona do rio.
OG: O tema não morreu e fala-se cada vez mais do rio porque nós começamos a mexer no rio. Ao longo do mandato foram limpos alguns troços, mas encontraram-se outros problemas, tais como a poluição com origem na ZIA, que não possui uma estação de tratamento, por isso, faz falta uma estação elevadora que ligue a ZIA às ETAR’s da cidade. De acordo com as informações que temos, estas obras terão início em 2027. Do lado da ribeira que passa junto da cooperativa Caminhos do Futuro, há ali muitas confluências de águas residuais domésticas e irá ser feito um troço de recolha dessas águas que deixarão de correr diretamente para o rio.
FM: Quais as cinco primeiras medidas a implementar no próximo mandato:
OG: A habitação, através de um novo bairro para Montemor; a reabilitação urbana de algumas ruas na cidade, na zona histórica; transferências das instalações das oficinas da Câmara para a ZIA; fazer uma pressão cada vez maior com as Águas do Alentejo para construírem as estações elevatórias em Montemor; por último fazer a expansão da ZIA.
AMSN
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