“Eu gostava muito de ter aqui uma escola de hotelaria”
- António M. Santos Nabo
- 27 de set.
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Frederico Tropa é a surpresa destas eleições. Apresenta-se como candidato pelo partido CHEGA, depois de ter aceitado o desafio de André Ventura, embora assuma que não nasceu aqui, mas tem nesta terra como a sua segunda opção. Pretende “libertar” Montemor das ideologias de esquerda, reconhece a agricultura e a pecuária como as grandes valias do concelho e pretende chamar para Montemor um polo da Universidade de Évora.
Folha de Montemor: Quem é Frederico Tropa?
Frederico Tropa: Sou uma pessoa jovem, com 31 anos, sou católico, assessor do partido CHEGA na Assembleia da República na Comissão de Ambiente e Energia, um aficionado da tauromaquia. Formei-me em política, não sou natural de Montemor, mas esta terra faz parte daquilo que eu sou enquanto pessoa, porque desde pequeno que me identifico com o mundo rural. Montemor é a minha segunda casa e desde pequeno que digo que quero que seja a primeira e esse é o meu objetivo. Entristece-me ver como está Montemor e como está o interior em geral, que poderia ser completamente diferente
FM: Qual a razão principal para se candidata à presidência da Câmara de Montemor?
FT: Foi um desafio que o André Ventura de propôs. Como o CHEGA vai concorrer a todos os municípios do país. Aqui, temos algumas pessoas que votam em nós, mas que têm algum receio de dar a cara.
FM: O que significa a frase “Libertar Montemor” que colocaram nos cartazes?
FT: A melhor resposta a dar a essa questão é verificar o que aconteceu depois de eu ter colocado os ‘outdoors’. Montemor precisa de ser liberto de amarras ideológicas que têm tido e de um desenvolvimento que falhou, e de um medo, que existe, de ser de direita, e de as pessoas serem livres. O concelho, e mesmo o Alentejo, tem esse receio, mas isso já se começa a virar com a transição de votos da CDU para o CHEGA e isso não é por acaso. Pretende-se fazer uma libertação ideológica e do marasmo em que Montemor vive.
FM: Do ponto de vista o património que a Câmara Municipal tem, que propostas tem para a sua utilização?
FT: Temos várias propostas. Por exemplo, o cineteatro Curvo Semedo, que é uma das maiores salas a sul do país, poderia ser dinamizado de forma diferente.
FM: Que propostas é que têm para as questões da mobilidade no concelho?
FT: Não vou acabar com o MorBike, concordo com o MorBus e pretendo que este projeto chegue às freguesias. Em relação à situação da cidade em si, entendo que, em conjunto com as outras forças políticas, podermos organizar melhor a cidade, porque a cidade está feia.
FM: Em relação ao transito na Avenida Gago Coutinho, tem alguma situação concreta para resolver o problema?
FT: Em relação à situação na Avenida, temos de arranjar uma situação para retirar o trefego de camiões. E isso pode passar pela construção de uma variante à cidade.
“Quero que as indústrias e os nosso produtores se continuem a fixar aqui”
FM: Em relação à atividade económica em Montemor, o que é que CHEGA pretende mudar?
FT: O nosso concelho tem duas grandes vertentes, a agricultura e a pecuária e o turismo, e sendo Montemor a Capital da Pecuária Extensiva, isso é algo que pode potenciar o turismo. Quero que as indústrias e os nosso produtores se continuem a fixar aqui e vejam aqui uma forma mais ágil de resolver os seus problemas. A agroindústria é fundamental e se nós conseguirmos atrair para aqui um fundo de investimento, com pessoas externas, isso poderá ajudar.
FM: Em matéria de educação, que propostas é que o CHEGA tem para Montemor?
FT: Nós temos mesmo aqui ao lado a Universidade de Évora, por isso, podemos ter em Montemor um polo universitário que permitisse um maior desenvolvimento da agroindústria e do turismo. Gostaria também de fazer parcerias com institutos privados de educação e trazer para aqui escolas de inglês.
FM: Em termos culturais, você declarou-se contra o trabalho desenvolvido pela associação ‘O Espaço do Tempo’. Porquê?
FT: Eu não declarei guerra ao ‘Espaço do Tempo’. Eu fui bruto, porque me senti mal, porque aquilo era uma jaula com tipos descascados. Eu não ataquei as artes performativas, mas as artes que eu quero fomentar são aquelas relativas à nossa identidade alentejana, o que não significa que, esporadicamente, se possam misturar com outras situações, mesmo gastronómicas. A questão que está no ‘Espaço do Tempo’ é que aquilo é canalizado para uma outra vertente que é mais politizada, tal como o ‘wokismo’. Eu vi as imagens dentro da praça, que estava interdita a receber corridas e, de repente, está lá um espetáculo daqueles. Mas eu compreendo e respeito e, nesse sentido, fiz outro vídeo para as pessoas compreenderem o que estava a dizer.
FM: Vocês têm noção do impacto económico do ‘Espaço do Tempo’ em Montemor?
FT: Eu não quero tirar os subsídios da Câmara, nem quero acabar com o Espaço do Tempo. O que eu não posso é permitir que utilize a sua capacidade cultural para impor outros modelos culturais. Gostaria que o Espaço do Tempo tivesse atuações onde se cônjugem aspetos de Montemor com outras situações.
FM: O financiamento da Câmara às atividades culturais é feito através de um Regulamento. O CHEGA pretende alterar esse regulamento?
FT: Sim, existem vários aspetos que pretendemos alterar.
FM: Em termos de habitação, o que pretendem apresentar e em que locais?
FT: Concordo com as propostas que o António Xavier está a fazer para aquele espaço junto às piscinas cobertas. Contudo, não sei se é o melhor sítio para criar 100 fogos. Mas acho que há outros locais que podem ser utilizados, por exemplo, na Maia. Faz mais sentido sair aqui do centro e alargar o perímetro para não ficar tudo muito congestionado.
FM: Em matéria de turismo, que propostas têm?
FT: Eu gostava muito de ter aqui uma escola de hotelaria, porque Montemor tem uma potencialidade inacreditável em termos de turismo. Por exemplo, há a velha questão da praia fluvial e, em relação ao rio Almansor, que é um símbolo de Montemor, está naquele estado. Por exemplo, porque não se fazem uns passadiços junto ao rio.
FM: Em termos de política fiscal quais são as propostas do CHEGA para Montemor?
FT: Em termos de derrama, entendo que a derrama é importante para o município, mas temos a ambição de reduzir para ajudar os microempresários. Há capacidade para fazermos diferente.
FM: O que mudava no Orçamento Municipal?
FM: Há verbas no Orçamento que poderiam estar orientadas para outros setores.
FM: O que gostariam de mudar na arquitetura da cidade?
FT: A avenida é primordial, e temos ali duas grandes rotundas, mas não existe nenhum monumento, como existe noutras cidades. Podemos ter numa um monumento ao grupo de forcados, e noutra uma homenagem às nossas gentes do mundo rural. O parque de feiras também poderia ter outra utilização e ser aproveitado de outra forma. Se houver vontade política acho que as coisas se fazem.
FM: Se se sentar na cadeira do presidente quais são as cinco primeiras medidas que toma?
FT: Quero implementar um sistema de prémios e objetivos na Câmara; intervenção no rio Almansor; as questões da mobilidade na Avenida; temos de resolver a questão do saneamento básico na zona da Maia; e criar um plano desportivo municipal.
AMSN
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