“O turismo é algo essencial para desenvolver do concelho”
- António M. Santos Nabo
- 27 de set.
- 5 min de leitura

Carlos Pinto de Sá regressa à política montemorense como candidato à Câmara Municipal pela CDU. Depois de 18 anos a comandar os destinos desta cidade, e 12 anos à frente de Évora, resolve voltar devido à vaga de fundo que o convenceu. Pretende subir o IRS para aumentar os apoios sociais, fomentar a habitação social e integrar Montemor nas atividades da Capital Europeia da Cultura.
Folha de Montemor: Que razões o levam a concorrer de novo à presidência da Câmara Municipal?
Carlos Pinto de Sá: Antes de mais porque tive um apelo muito forte, de muita gente de vários quadrantes políticos. Comecei por dizer que não, mas depois reconsiderei, ouvi a minha família e, face à situação que temos atualmente na Câmara, onde o PS não cumpriu qualquer mudança, justifica-se esta candidatura.
FM: Mas isso significa que o PCP não teve capacidade de se renovar?
CPS: Se olhar para as nossas listas, vê que temos mais de 200 elementos com muita gente nova e muitas pessoas que geralmente não participava, vinda de vários setores e que agora aceitou participar. Temos uma renovação muito significativa na lista à Câmara e para a Assembleia Municipal o que mostra um esforço grande para encontrar novos protagonistas por parte da CDU.
FM: Se vencer estas eleições vai ficar até ao final do mandato?
CPS: Vou
FM: Desde a última vez que se candidatou aqui, em 2009, a sociedade mudou substancialmente e temos hoje uma realidade bem diferente. Como é que vê essa diferença?
CPS: Estamos a assistir a uma profunda alteração social, não apenas aqui, como no país, que tem a ver com envelhecimento da população e com a necessidade de termos imigrantes, uma vez que a população ativa que temos é insuficiente para garantir o desenvolvimento económico. E esta situação está a decorrer e é algo imprevisível. Estas alterações estão a originar uma corrente política de extrema-direita, para além de populista que é preocupante porque se funda em valores neofascistas. Do ponto de vista eleitoral isso tem afetado em geral a esquerda e tem situações que não resolúveis a curto prazo e, por isso obrigam a uma resistência e uma luta.
FM: Se for eleito presidente. o que propõe em termos de fiscalidade?
CPS: É conhecida a nossa posição sobre essa matéria. Em relação ao IMI entendemos que deve ser baixo e que assim se deve manter. Contudo, defendo que este imposto deve ser revisto no sentido de incluir alguma progressividade. Em relação ao IRS temos uma posição diferente, porque temos uma percentagem da população que tem rendimentos muito baixos, por isso o IRS deve manter-se nos cinco por cento, que afeta pouco os grandes contribuintes, mas o seu impacto pode ajudar a reforçar o apoio social às famílias e às IPSS’s. Relativamente à derrama entendemos que a micro e pequenas empresas devem ficar isentas, o que já está previsto e praticado; e para as outras empresas, a própria lei determina que aquela verba possa ser dirigida para investimento pelo que entendemos que deve ser reinvestida na promoção do desenvolvimento económico, pelo que vamos manter como está.
FM: Em termos de economia que propostas é que tem para estimular o desenvolvimento económico do concelho?
CPS: Embora o PS e a AD tenham prometido muito, entendo que devemos ter algum cuidado sobre essa matéria, embora se devam fazer esforços para captar novas empresas e investimento e nesse sentido tem de procurar fazer uma expansão da Zona Industrial para se implementarem novas empresas, uma vez que a sua capacidade está esgotada. Em termos de captação de empresas iremos trabalhar com as entidades que fazem esse trabalho e para os micro e pequenos empresários iremos dar-lhe um apoio significativo através de promoção dos produtos e de outras formas de participação.
“O problema que temos na habitação é uma questão de acesso e não um problema de falta”
FM: Em termos de habitação, como é que vê o problema e que soluções é que pretende apresentar?
CPS: O problema que temos no país em matéria de habitação é uma questão de acesso à habitação e não um problema de falta de habitação, por isso, esta questão não se resolve apenas com novas construções, porque se houver mais construção, mas os preços se mantiverem altos, a situação mantém-se. Deste modo, a nossa proposta vai no sentido do investimento público nesta área, através dos programas existentes, para construir habitação e colocar no mercado a rendas acessíveis; para além de apoiar a reabilitação de habitações. Pretendemos também disponibilizar lotes a baixo custo para autoconstrução, o que permitirá que mais famílias jovens se possam aqui instalar.
FM: No que concerne ao ambiente, e principalmente ao rio Almansor, que tipo de propostas é que tem?
CPS: Vejo esta questão do ambiente de uma forma global. Em primeiro lugar, temos um problema ambiental sério com as alterações climáticas e o Alentejo pode ser gravemente afetado porque, nos próximos 30 anos, podemos perder 30 a 40 por cento da água. Para além desta questão temos também a poluição e nós tínhamos aqui dois problemas, a produção suinícola e a questão do saneamento. Em relação à ETAR de Montemor, ela está feita, mas precisamos de garantir que ela funciona em condições para preservar o rio, mas outras estações de tratamento não estão a funcionar.
FM: O Castelo teve, ainda na gestão da CDU, uma intervenção que todos gostaram. Contudo, até agora não tem havido atuações de relevância, pelo que se questiona o que é que a CDU propõe para este mandato, incluindo a situação do Convento da Saudação?
CPS: Vemos com profunda preocupação a situação no castelo. O monumento tem uma situação de muralha que está virada para a cidade e que está altamente degradada que pode ruir a qualquer momento. A Câmara PS aceitou receber o castelo, mas onde estão os fundos para manter o manter? Isto não é aceitável e tem de voltar ao governo porque a Câmara não tem verbas suficientes para fazer aquilo que o castelo precisa e que vai demorar algum tempo. Esta situação exige projetos que são muito específicos o que vai levar tempo. Em relação ao Convento, também aqui foi prometido que a Câmara recebia o edifício, mas havia uma garantia de financiamento. Todavia, os problemas que foram apontados à CDU estão agora a ser os mesmos que o PS está a enfrentar, porque o dinheiro do PRR perdeu-se. Mas aquele projeto tem de ser feito, e tem de ser discutido com o Ministério da Cultura e com a direção do Património, para se ver onde é que pode haver algum financiamento no âmbito do PT2030.
FM: Em relação ao turismo, o executivo atual fez aqui uma aposta forte, por isso, caso a CDU vença, que propostas têm para esta área?
CPS: O turismo é algo essencial para desenvolver do concelho, por isso, precisamos de promover Montemor, e agora vamos ter uma oportunidade única porque vem aí Évora Capital Europeia da Cultura em 2027, por isso vamos propor a criação de um programa, suportado pela Câmara, para inserir naquele evento, o que pode dar uma visibilidade nacional e internacional a Montemor. Para além disso, precisamos de criar mais produtos turísticos para atrair visitantes e como temos ofertas em todas as freguesias essa situação pode ser potenciada.
FM: No que respeita a iniciativas culturais a serem feitas pela Câmara pretende fazer algumas alterações ou manter o que existe?
CPS: Precisamos de inovar porque Montemor ganhou um prestígio importante porque assumimos a cultura como um pilar do desenvolvimento do concelho e essa situação tem de ser retomada e é necessário repensar o projeto cultural. De notar que a coligação entre o PS e a AD que hoje governa não fez mudanças porque reconheceu o trabalho importante que foi feito nesta área.
FM: Quais as cinco primeiras medidas a implementar logo que chegue à cadeira do presidente?
CPS: As prioridades são a habitação, as questões da área social, a capacidade de atrair jovens, o embelezamento do espaço público e, por último, gostaria muito de ter um programa de participação popular.
AMSN
Comentários