No passado dia 10 de março, no imponente edifício da Sociedade de Geografia, em Lisboa, o professor José Filipe Pinto apresentou o seu mais recente livro intitulado ‘As Europas e os Novíssimos Príncipes’ editado pelas Edições Sílabo.
Na introdução da obra, o autor diz logo ao que vem, ao afirmar que “neste livro, os novíssimos príncipes dão pelo nome de populistas, mesmo quando se recusam a assumir essa qualificação. Populistas na forma individual, como Viktor Orbán, Marine Le Pen, Pablo Iglesias e Varoufakis, ou resguardados atrás do símbolo do partido de que podem constituir mais do que o rosto principal. (…) Novíssimos príncipes que se apresentam como guardiões da moral e da tolerância, tendo o cuidado de não enjeitar um certo grau de messianismo. (…) Moralistas que, no entanto, não se coíbem de protagonizar escândalos, designadamente financeiros, em proveito próprio”.
Presentes na mesa, estiveram o presidente da Academia Internacional de Cultura Portuguesa, António Rebelo Duarte, o editor Manuel Robalo, o historiador António Costa Pinto, o jornalista Filipe Luís (revista Visão) e o autor. O professor Adriano Moreira, por motivos de saúde, fez a sua intervenção via Zoom.
Na primeira intervenção, Filipe Luís referiu que este facto do populismo é um “desafio” para os jornalistas, pelo que o livro agora editado “é uma ferramenta preciosa para entender este fenómeno” porque ajuda a detetar os sinais a que os jornalistas devem estar atentos nos discursos. “Este livro é um guia de como lidar com o populismo” porque mostra as estratégias que os populistas desenvolvem para alterar os factos.
O historiador António Costa Pinto sublinhou a presença na sala de um público jovem que se interessa pelas questões políticas e atribuiu essa situação ao autor do livro que, com as suas aulas, conseguiu mobilizar os estudantes. “Com este livro, José Filipe Pinto interpreta muito bem tudo o que a ciência política tem produzido sobre a temática do populismo”, mesmo quando se fala de um objeto fluido e com uma análise retrospetiva, frisou. Em seguida, o professor referiu as três ideais chave que se podem fixar sobre este tema. “Os partidos políticos apresentam-se como antissistema e com um líder que vem do povo, sem classe social e com um destino nacional. Estes são partidos políticos que jogam o jogo democrático embora apresentem projetos políticos não democráticos. Por último, são partidos que têm uma ideologia política muito flexível e pouco sustentável em termos de apresentação de reformas; têm uma ideologia fina”, frisou. Costa Pinto referiu ainda que a nível internacional “estes partidos não tem uma família política internacional, embora se agreguem em dois grupos no Parlamento Europeu.” A concluir a sua intervenção, o historiador avisou que “estes novos partidos ainda não nos disseram tudo.”
Mesmo com uma idade já idade avançada, Adriano Moreira, de 99 anos, ainda teve a capacidade de escrever o prefácio do livro, e produzir uma apresentação que foi uma lição de história sobre as relações internacionais entre a União Europeia e a Rússia desde o final da Segunda Guerra Mundial.
Por último, José Filipe Pinto fez os agradecimentos que permitiam que a obra visse a luz do dia, com destaque para o seu mestre, Adriano Moreira, e justificou a publicação deste novo livro em função das viagens que tem feito a países onde o populismo está no poder, pelo que deixou como nota final, “a democracia está longe de ser um dado adquirido”.
A.M. Santos Nabo
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