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“Esta será uma era de mudanças e de oportunidades”

Atualizado: 16 de nov. de 2019



A Web Summit regressou a Lisboa para mais uma edição entre os dias 4 e 7 de novembro. Tal como os anos anteriores, os bilhetes esgotaram, o que significou que mais de 70.000 pessoas estiveram presentes no evento que, durante uma semana, colocou a cidade de Lisboa como a capital da tecnologia a nível mundial. Na cimeira debatem-se os temas principais da sociedade atual, da política, à economia, ao desporto, à música, e ao ambiente.

A atratividade deste evento tem uma escala global, congregando para Portugal pessoas de todo o mundo com os mais diversos objetivos, sempre ligados às questões tecnológicas. Aqui, pretende-se fazer o encontro de pessoas que têm ideias com as pessoas que pretendem investir em algo novo e que possa ter futuro. No fundo, a Web Summit é um ponto de encontro global que tem como objetivo juntar pessoas e empresas que pretendam redefinir a indústria tecnológica. A revista Forbes considera este evento como “a melhor conferência sobre tecnologia que existe no planeta”, porque é aqui que o futuro está a nascer.

Nesta edição estiveram presentes 2150 pequenas empresas de índole tecnológica (start-up’s) oriundas de 60 países que aqui vieram tentar obter mais financiamento e tentar angariar clientes para os seus negócios, revelando o que estão a desenvolver.

Esta edição trouxe aos vários palcos do evento 1200 oradores que discutiram um vasto conjunto de matérias, desde as questões tecnológicas, como desportivas, políticas, ambientais, económicas e outras. Na cerimónia de abertura, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa referiu que “Lisboa é uma cidade aberta à inovação”, e Pedro Siza Viera (Ministro Adjunto e da Economia) disse que “Lisboa é um local de encontro desde o século XVI”.



No dia de abertura, o principal orador foi Edward Snowden, que falou a partir da Rússia com o jornalista James Ball, e colocou o foco da sua apresentação na proteção de dados pessoais que todos as pessoas acabam por colocar na internet nas mais diversas plataformas, tendo sublinhado que “a internet é um sistema global, mas as leis são de cada país, por isso, cabe a cada um fazer a proteção dos seus dados”. Considerando a tecnologia hoje existente, o orador afirmou que “ é possível fazer escutas a todas as pessoas em qualquer lugar, independentemente de terem ou sido acusadas ou suspeitas de um crime”, frisou, e acrescentou que “as pessoas fizeram um pacto com o diabo para além do que a lei permite”. A concluir, Snowden chamou a atenção para o seguinte: “quando vemos os governos e as empresas de tecnologia a trabalhar juntas, o que temos é uma extensão do poder e da influência”.

Ainda no dia de arranque, o presidente da Huawei, Guo Ping, veio avisar os participantes sobre a importância da tecnológica da rede 5G e das vantagens que ela permite face à geração anterior (4G), tendo comparado esta nova rede à chegada da eletricidade.

Seguindo a mesma linha de pensamento, o presidente da Verizon, Ronan Dunne, veio afirmar que a sua empresa está a apostar na rede 5G porque acredita que ela é tão poderosa que a considera como “uma nova era de transformação e de inovação para o futuro”. Esta rede vai gerar uma nova revolução industrial ao ligar pessoas e equipamentos, e esta reunião será a base para a nova sociedade que se está a desenvolver. “A rede 5G é a verdadeira internet das coisas”, afirmou. Considerando que esta nova rede é mais amiga do ambiente e mais sustentável, Ronan Dunne entende que “temos de ter a vontade de inovar e de manter o ambiente de uma forma sustentável”, e acredita que “a indústria tecnológica tem um papel importante a desenvolver no combate às alterações climáticas”.

As mudanças na sociedade que estão a ter lugar nos dias de hoje face à tecnologia existente, também estão a provocar mudanças no mundo empresarial. Kristin Lenkau, (JP Morgan) alega que “o marketing está a ficar destruído porque não está a acompanhar o desenvolvimento da inteligência artificial e da era digital”, e acrescenta que “em 2030 o JP Morgan será uma empresa neutra do ponto de vista das emissões de carbono”; enquanto Barbara Martin Coppola (IKEA) defende que “devemos ouvir os nossos clientes para saber quais são as suas tendências, de modo a nos focarmos na criação de valor para o cliente, o que implica a existência de novos modelos de negócios”, a acrescentou que “em 2030, todos os produtos vendidos pela IKEA serão provenientes de origens reciclagens”.


“Ninguém me conseguiu explicar qual é o valor acrescentado do Brexit”


Nas questões políticas, Michel Barnier (o negociador do Brexit por parte da Comissão Europeia) veio à Web Summit comentar a situação da saída do Reino Unido da União Europeia, começando por afirmar que “estamos aqui a discutir o nosso futuro que será moldado por múltiplas alterações e uma das quais será o Brexit”. Revelando uma postura otimista, apesar da confusão sobre este tema, Barnier entende que “o Brexit é o construir de uma nova relação com o Reino Unido que deverá fortalecer o nosso continente, tendo referido que é necessário ter uma perspetiva de longo prazo sobre esta matéria”.



Ainda sobre este assunto, o orador frisou que esta situação apresenta um risco elevado na fronteira entre as duas Irlandas, uma vez que “a paz ali existente é muito recente”. A concluir, Michel Barnier frisou, “ninguém me conseguiu explicar qual é o valor acrescentado do Brexit”.

Face ao aproximar das eleições nos Estados Unidos, o tema veio a debate com apoiantes e contestatários do presidente Donald Trump. Por um lado, Neil Katyak, por parte dos adversários do presidente afirma que Trump não deverá poder ir a votos porque será expulso do cargo em consequência do processo de destituição que está já a decorrer. Por outro lado, Joe Pounder, por parte dos apoiantes do presidente, afirmou que “as sondagens estão a dizer que Trump está na corrida para a Casa Branca”. Neste painel esteve também presente Brittany Kaiser, uma denunciante das atividades pouco claras do Facebook, - acabou de lançar um livro onde explica a forma como a rede social foi utilizada para influenciar eleitores em 2016 -, que afirmou que Mike Zuckerberg e o Facebook continuam a apoiar o presidente Donald Trump, e sublinhou que “o profissionalismo da campanha vai fazer toda a diferença”.

O desporto também tem o seu palco na Web Summit por onde passam sempre algumas estrelas mundiais. Este ano, Ronaldinho, e Eric Cantona foram os principais destaques. O antigo futebolista do Manchester United veio a este evento anunciar o projeto Comman Goal onde propõe que cada futebolista possa doar um por centro do seu salário para ajudar no desenvolvimento das regiões pobres do planeta. “O poder do futebol é muito grande, por isso pode ajudar em muitas causas”.

Com as questões proteção de dados na ordem do dia, o presidente da Microsoft, Brad Smith, regressou à Web Summit para lembrar que a partir do próximo ano mais uma década deste século vai ter início, e com ela uma nova era também está a chegar. Se há dez anos pela primeira vez uma empresa armazenou dados na nuvem, essa situação é hoje comum para todas as empresas e utilizadores da internet. Contudo, esse armazenamento de dados traz novos desafios. “Esta será uma era de mudanças e de oportunidades”, através da rede 5G e da inteligência artificial, onde a tecnologia vai mudar tudo na sociedade nas próximas três décadas”, mas para tal é necessário uma nova abordagem sobre as questões que estão a ser levantadas pela mudança tecnológica, porque “é necessário colocar o interesse público em primeiro lugar”.


“Os governos têm que compreender que a tecnologia vai mudar a sociedade”


Continuando nas questões políticas, Tony Blair, antigo primeiro ministro do Reino Unido, veio chamara a atenção para a necessidade dos políticos estarem mais atentos às questões tecnológicas, porque “as pessoas que estão a ser deixadas para trás são aquelas que não acompanham a tecnologia”. Blair referiu também que é necessária uma melhor regulação sobre o tratamento da informação na internet. “Os governos têm que compreender que a tecnologia vai mudar a sociedade”, frisou.



Em matéria de ambiente, todos os intervenientes defenderem a necessidade de se reduzir as emissões de carbono e de implementar práticas sustentáveis do ponto de vista ambiental. Kate Brandt, da Google, afirmou que “o compromisso da Google tem de ser a sustentabilidade em todas as operações”. Christina Figueras, da organização Global Oportunities, revelou que “não estamos a salvar o planeta porque ele vai cá estar mesmo depois de nós desaparecermos, mas para o melhorar necessitamos de tecnologia e de energia limpa, de políticas para descarbonizar e de financiamento”, para mudar a situação atual.

Sendo uma atração nas duas últimas edições, o robot Sophia regressou ao placo central da Web Summit este ano para revelar o que as empresas de inteligência artificial andam a fazer, tendo trazido consigo o seu irmão Philip. David Hanson e Ben Geertzel falaram sobre o desenvolvimento que têm feito com estes robots para que eles atinjam o estado em que estão e afirmaram que estão a treinar os robots para responder às emoções dos humanos.



Nos pavilhões da FIL as empresas mostraram o que se anda a fazer neste domínio da inovação tecnológica e pode-se afirmar que nos dias de hoje já existe uma aplicação (app) para quase todo o que é uma necessidade em qualquer domínio.

Aqui, foi interessante verificar o como as diferentes instituições que esperam tirar partido deste evento se colocaram. Por exemplo, o concelho do Fundão e as regiões autónomas da Madeira e dos Açores estiveram presentes no evento com o objetivo de levar empresas para as suas regiões, bem como alguns países árabes.

De facto, foi nestes pavilhões que os encontros entre quem tem ideias e quem tem financiamento acabaram por acontecer e, pelo que foi possível verificar, houve muitas situações positivas, o que revela bem o espírito da Web Summit e a razão da sua existência. Um dos mais relevantes exemplos que surgiram veio da empresa Boston Dynamics que apresentou um novo robot intitulado Spot que deixou a sala completamente abismada.



Como vem sendo hábito, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa encerrou a Web Summit perante um pavilhão completamente lotado. Na sua intervenção, lembrou os vários oradores que marcaram as edições anteriores e mesmo esta sobre os mais diversos temas que têm sido aqui debatidos. No final frisou que “Lisboa tornou-se a capital da revolução tecnológica”, e acrescentou que “ninguém deve ser deixado para trás na questão tecnológica, temos que estar todos juntos neste caminho”, tendo chamado a atenção para as mudanças que estão a existir em Portugal com a Web Summit, e concluiu com a expressão “ninguém nos pode parar”.



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